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Amanheceu Abril
no tenso Largo do Carmo
entre estampidos e sonhos
de que despertam
outros homens já mais perto
da medula do futuro.
Constrói-se aliás
esse futuro
em cada esquina
da nossa esperança primaveril.
Em cada pássaro de luz
que rebenta
na janela do próximo instante
vibra Lisboa real e onírica
do Chiado ao Rossio e à Graça
da Pontinha ao Beato
da Baixa pombalina enfim sem máscara
às alfurjas da pobreza
ao Tejo sobressaltado
de Belém à Trafaria
no dia dos nossos prodígios.
Em todas as praças e travessas da cidade
liberta
cintila o próprio ar
e nas brandas fontes, nas vidas comovidas
que se agitam
nos velhos azulejos, mansardas
no solo pisado por tanta alegria
nos gestos dos automobilistas e dos curiosos
respira-se fraternidade.
Urabano Tavares Rodrigues